Estava
deitada… o sol batia na janela… Eu sabia que já era dia há um bom tempo, mas
não me apetecia levantar.
Sentia-me
só.
Não
queria ter de enfrentar mais um dia. A mesma rotina. Pessoas. Reuniões. Papéis.
Não!
Definitivamente não queria!
A
minha vontade era sair, sair dali e ir para longe! Longe de tudo. Um lugar
novo, que não conhecesse.
Como é
possível passar os dias rodeada de pessoas e mesmo assim sentir-me tão só?
Sabia
que alguma coisa não estava bem. Não devia ser assim.
Mas
porquê? Porque me sentia assim?
Respirei
fundo… tinha mesmo que ir…
- Mas
eu não quero! – disse em voz alta.
Contudo,
a minha consciência voltou a dizer-me que tenho mesmo que me levantar da cama,
vestir uma roupa bonita, pôr um sorriso no rosto, mesmo que o coração apertado
chore por dentro, e vá… vá para a minha rotina… vá ver gente, simplesmente vá e
faça o que tem que ser feito.
E eu obedeço. E eu vou.
E eu obedeço. E eu vou.
II
-
Laura! Já chegaste? Que bom ver-te! Estás linda, como sempre!
-
Obrigada Gui! – sorri. Então, há recados?
-
Milhares, como de costume. Toma.
Fui
para a minha sala. O telefone já estava a tocar e na sala de espera já tinha
umas cinco pessoas para atender.
Pensei
para mim: “O Gui, o Gui é diferente. Sempre alegre, sempre com palavras
agradáveis… não sei o que ele tem, mas sei e sinto que a alegria que ele mostra
não é como a minha, é genuína.”
III
O meu
dia passou, tal como os outros. Atendi pessoas, falei ao telefone, resolvi
problemas… e eu? E o meu coração? Continua apertado. Não entendo, a sério que
não entendo. – pensava, ao fim do dia, sentada à secretária do escritório.
Todos
já foram embora…
Sinto
um vazio dentro de mim. Estou só.
E à
minha memória veio novamente o sorriso do Gui.
“De
facto, ele é diferente. Não sei porquê, não sei como, mas há algo de especial
na vida daquele rapaz…”
IV
Voltei
para casa, jantei e sentei-me no sofá.
Não
consegui suportar mais aquela dor tão grande no meu peito e finalmente uma
lágrima saltou… e outra, e mais outra… então eu chorei, chorei muito até não
ter mais forças.
“Não
entendo… eu sou uma mulher bem sucedida. Eu tenho o que sempre quis – uma
empresa, saúde, dinheiro… Tenho uma casa, um carro, um gato…”
“O que
é que me falta?”
“Os
meus pais sempre me deram tudo, sempre tive amor…”
“Onde
foi que eu perdi a minha felicidade?”
“Onde
estás? Não te consigo encontrar…”
Então
o telefone começou a tocar. Era a minha mãe… tentei recompor-me o mais depressa
possível, pois não queria que ela desse conta que eu tinha estado a chorar.
Nunca tinha demonstrado fraqueza diante da minha família. Para eles eu era uma
mulher forte, lutadora, cheia de vigor, que tinha tudo o que sonhei.
Atendi.
-
Laura! Querida, estou com saudades tuas!
- Mãe!
Também tenho saudades vossas… não tenho conseguido tirar tempo para vos
visitar…
- Eu
sei filha, tens tido muito trabalho. Mas hoje eu passei o dia a pensar em ti…
Está tudo bem?
Não
respondi logo. Como é que é possível? Será que o instinto materno a fez
entender que eu não estava bem? E pensei – Claro que não é nada disso, ela só
sentiu saudades e decidiu ligar.
Como
eu não respondia, ela voltou a falar.
-
Laura… não estás bem, pois não?
- Mãe…
.
Filha, eu sei que não estás… parece que o meu coração ficou apertado de manhã
cedo quando pensei em ti, pensei que era das saudades, mas depois percebi que
não era só isso. Então decidi ligar.
- Oh
mãe… (comecei a chorar) não sei o que se passa comigo… sinto-me só…
-
Laura, podemos ir a tua casa agora? Eu sei que é tarde, mas queria abraçar-te.
- Sim
mãe, por favor…
V
Os
meus pais tocaram à campainha.
Fui
abrir.
Demos
um abraço tão forte, tão reconfortante… então eu vi…
A
alegria do Gui, o carinho dos meus pais… eram diferentes de tudo…
Sabia
que havia algo mais do que apenas alegria de amigo e carinho de pais.
Havia
mais e esse mais era o que faltava na minha vida para preencher o vazio do meu
coração.
Mas
que mais é esse? O que é? Eu preciso desse “Mais”.
Então
a minha mãe, com lágrimas nos olhos, falou comigo:
-
Minha querida Laura! Como nós te amamos! Tu tens tudo, és uma mulher bonita,
corajosa, és conhecida na cidade pelas tuas capacidades e inteligência.
- Mas
meu amor, - disse o meu pai – tudo isso que tens, não vem de ti mesma, e o que
te deixa infeliz e com esse vazio no peito, que sabemos que sentes, é a falta
de algo que ainda não descobriste o que é.
- Pai,
não sei como entenderam, não sei como sentiram que algo não estava bem comigo,
mas a verdade é essa mesma: Tenho sentido uma tristeza profunda e tenho
procurado saber o motivo. E sei que há algo em vocês e não só em vocês, mas há
algo inexplicável em vocês que eu não tenho.
Procurei
explicações, procurei soluções, escondi-me no trabalho, no sucesso, mas o meu
coração só se apertou… cada vez mais… cada dia mais.
Sinto
o vosso amor, sinto o vosso carinho e isso aquece o meu coração mas eu quero
esse “Algo Inexplicável” que vocês têm.
Por
favor, digam-me o que é!
-
Laura, TU PRECISAS DE JESUS.
Então
eu lembrei-me que já tinha ouvido falar de Jesus. E quem me falou foi o Gui.
O Gui,
que tem uma alegria diferente e permanente a cada manhã, tem esse Jesus e vive
para esse Jesus, o mesmo Jesus que os meus pais também têm.
-
Laura, tu queres aceitar Jesus?
- Pai…
Mãe, mil vezes sim! Eu quero, eu preciso!
VI
E a
partir daquele momento, nunca mais me senti só!
Jesus
deu-me a alegria que eu não tinha.
Jesus
deu-me o amor que eu não tinha.
Jesus
deu-me a paz que eu não tinha.
Jesus
deu-me a esperança que eu não tinha.
Jesus
fez-me renascer, Jesus transformou a minha vida.
Jesus
fez por mim aquilo que mais ninguém poderia fazer… JESUS salvou a minha alma,
Jesus perdoou os meus pecados, Jesus fez de mim uma nova pessoa.
E hoje
posso dizer que o vazio que eu tinha no meu coração foi preenchido!
Foi preenchido por
JESUS
Alcobaça, 25 de Julho de 2013
Liliana Costa
Sem comentários:
Enviar um comentário