quinta-feira, 25 de julho de 2013

UM CORAÇÃO APERTADO



Estava deitada… o sol batia na janela… Eu sabia que já era dia há um bom tempo, mas não me apetecia levantar.
Sentia-me só.
Não queria ter de enfrentar mais um dia. A mesma rotina. Pessoas. Reuniões. Papéis.
Não! Definitivamente não queria!
A minha vontade era sair, sair dali e ir para longe! Longe de tudo. Um lugar novo, que não conhecesse.
Como é possível passar os dias rodeada de pessoas e mesmo assim sentir-me tão só?
Sabia que alguma coisa não estava bem. Não devia ser assim.
Mas porquê? Porque me sentia assim?
Respirei fundo… tinha mesmo que ir…
- Mas eu não quero! – disse em voz alta.
Contudo, a minha consciência voltou a dizer-me que tenho mesmo que me levantar da cama, vestir uma roupa bonita, pôr um sorriso no rosto, mesmo que o coração apertado chore por dentro, e vá… vá para a minha rotina… vá ver gente, simplesmente vá e faça o que tem que ser feito.
E eu obedeço. E eu vou.
 
II
- Laura! Já chegaste? Que bom ver-te! Estás linda, como sempre!
- Obrigada Gui! – sorri. Então, há recados?
- Milhares, como de costume. Toma.
Fui para a minha sala. O telefone já estava a tocar e na sala de espera já tinha umas cinco pessoas para atender.
Pensei para mim: “O Gui, o Gui é diferente. Sempre alegre, sempre com palavras agradáveis… não sei o que ele tem, mas sei e sinto que a alegria que ele mostra não é como a minha, é genuína.”
 
III
O meu dia passou, tal como os outros. Atendi pessoas, falei ao telefone, resolvi problemas… e eu? E o meu coração? Continua apertado. Não entendo, a sério que não entendo. – pensava, ao fim do dia, sentada à secretária do escritório.
Todos já foram embora…
Sinto um vazio dentro de mim. Estou só.
E à minha memória veio novamente o sorriso do Gui.
“De facto, ele é diferente. Não sei porquê, não sei como, mas há algo de especial na vida daquele rapaz…”
 
IV
Voltei para casa, jantei e sentei-me no sofá.
Não consegui suportar mais aquela dor tão grande no meu peito e finalmente uma lágrima saltou… e outra, e mais outra… então eu chorei, chorei muito até não ter mais forças.
“Não entendo… eu sou uma mulher bem sucedida. Eu tenho o que sempre quis – uma empresa, saúde, dinheiro… Tenho uma casa, um carro, um gato…”
“O que é que me falta?”
“Os meus pais sempre me deram tudo, sempre tive amor…”
“Onde foi que eu perdi a minha felicidade?”
“Onde estás? Não te consigo encontrar…”
 
Então o telefone começou a tocar. Era a minha mãe… tentei recompor-me o mais depressa possível, pois não queria que ela desse conta que eu tinha estado a chorar. Nunca tinha demonstrado fraqueza diante da minha família. Para eles eu era uma mulher forte, lutadora, cheia de vigor, que tinha tudo o que sonhei.
Atendi.
- Laura! Querida, estou com saudades tuas!
- Mãe! Também tenho saudades vossas… não tenho conseguido tirar tempo para vos visitar…
- Eu sei filha, tens tido muito trabalho. Mas hoje eu passei o dia a pensar em ti… Está tudo bem?
Não respondi logo. Como é que é possível? Será que o instinto materno a fez entender que eu não estava bem? E pensei – Claro que não é nada disso, ela só sentiu saudades e decidiu ligar.
Como eu não respondia, ela voltou a falar.
- Laura… não estás bem, pois não?
- Mãe…
. Filha, eu sei que não estás… parece que o meu coração ficou apertado de manhã cedo quando pensei em ti, pensei que era das saudades, mas depois percebi que não era só isso. Então decidi ligar.
- Oh mãe… (comecei a chorar) não sei o que se passa comigo… sinto-me só…
- Laura, podemos ir a tua casa agora? Eu sei que é tarde, mas queria abraçar-te.
- Sim mãe, por favor…
 
V
Os meus pais tocaram à campainha.
Fui abrir.
Demos um abraço tão forte, tão reconfortante… então eu vi…
A alegria do Gui, o carinho dos meus pais… eram diferentes de tudo…
Sabia que havia algo mais do que apenas alegria de amigo e carinho de pais.
Havia mais e esse mais era o que faltava na minha vida para preencher o vazio do meu coração.
Mas que mais é esse? O que é? Eu preciso desse “Mais”.
Então a minha mãe, com lágrimas nos olhos, falou comigo:
- Minha querida Laura! Como nós te amamos! Tu tens tudo, és uma mulher bonita, corajosa, és conhecida na cidade pelas tuas capacidades e inteligência.
- Mas meu amor, - disse o meu pai – tudo isso que tens, não vem de ti mesma, e o que te deixa infeliz e com esse vazio no peito, que sabemos que sentes, é a falta de algo que ainda não descobriste o que é.
- Pai, não sei como entenderam, não sei como sentiram que algo não estava bem comigo, mas a verdade é essa mesma: Tenho sentido uma tristeza profunda e tenho procurado saber o motivo. E sei que há algo em vocês e não só em vocês, mas há algo inexplicável em vocês que eu não tenho.
Procurei explicações, procurei soluções, escondi-me no trabalho, no sucesso, mas o meu coração só se apertou… cada vez mais… cada dia mais.
Sinto o vosso amor, sinto o vosso carinho e isso aquece o meu coração mas eu quero esse “Algo Inexplicável” que vocês têm.
Por favor, digam-me o que é!
- Laura, TU PRECISAS DE JESUS.
Então eu lembrei-me que já tinha ouvido falar de Jesus. E quem me falou foi o Gui.
O Gui, que tem uma alegria diferente e permanente a cada manhã, tem esse Jesus e vive para esse Jesus, o mesmo Jesus que os meus pais também têm.
- Laura, tu queres aceitar Jesus?
- Pai… Mãe, mil vezes sim! Eu quero, eu preciso!
 
VI
E a partir daquele momento, nunca mais me senti só!
Jesus deu-me a alegria que eu não tinha.
Jesus deu-me o amor que eu não tinha.
Jesus deu-me a paz que eu não tinha.
Jesus deu-me a esperança que eu não tinha.
Jesus fez-me renascer, Jesus transformou a minha vida.
Jesus fez por mim aquilo que mais ninguém poderia fazer… JESUS salvou a minha alma, Jesus perdoou os meus pecados, Jesus fez de mim uma nova pessoa.
E hoje posso dizer que o vazio que eu tinha no meu coração foi preenchido!
Foi preenchido por
JESUS
 
 
 
Alcobaça, 25 de Julho de 2013
Liliana Costa

 

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